O PESO DO VEREDITO

Posted: quinta-feira, 1 de dezembro de 2011 by Ricardo Pereira in
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Magistrados por nossa natureza humana, sustentamos o peso das nossas sentenças. Muitas vezes, parafraseamos o rito de um tribunal, criamos nossas próprias leis, colocando no banco dos réus as mais diversas pessoas. Sem dramatização: Julgamos! “Togados” por nossos conceitos e visões: pesamos e medimos aqueles que agem fora do nosso estereótipo. O julgamento nas relações interpessoais, condena, divide, aprisiona, anulando o direito de resposta, verbaliza rivalidades, entrincheira irmãos.

Julgamos o mundo ali fora, apontamos o dedo ao herege, ao ‘babilônico’, ao ‘desviado’, ao ‘mais espiritual', ao ‘menos espiritual’, selecionamos os bons, excluímos os maus. “Esse serve, aquele não serve”, “Deus está aqui e não lá”, “Fulano é endemoniado, cicrano é santo”, “Esse será líder, aquele não será”, “Sou amigo do grupo do Joãozinho, mas não do da Mariazinha!”, “Igreja tal é benção, igreja tal não é”, “O reino de Deus está ali, mas não aqui”, “Tu viu o que fulano disse, ou o que beltrano fez?”, “Aquela família é de Deus, aquela outra não”, “Pastor fulano, prega melhor que beltrano”, “Só ajudo a fulano, beltrano que se rale”... E tantas outras falas e apontares de dedos, que nos afastam da verdade relata abaixo:

“Portanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, NÃO para que JULGASSE o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.” (Jo 3:17)
“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está DENTRO DE VÓS.” (Lc 17:20-21)

Analisando as escrituras e a forma como pensamos muitas vezes, vejo uma seletividade que aponta modelos, que julga e analisa, como se realmente tivessemos o “poder” de dizer “aqui, mas não ali”, “ele, mas ela não”. O ‘martelo’ do julgamento caminhou também com a história, fariseus, deram origem aos religiosos, as sentenças dadas a pessoas, instituições e atitudes mantiveram-se. Os fiscalizadores da “lei” – sedentos por falhas - procuram erros nos outros, mas encontrarão a si mesmos sentados no banco dos réus.

As sementes do “acusador” as vezes estão nas nossas próprias “mãos limpas” mas com o coração impuro. Não julgue pessoas, pois todos nós estamos na cadeira dos réus e o advogado de defesa (Jesus) não defende qualquer um, mas quem ELE QUER. Aquele que nomeia Reis, e destitui Reis, por seu simples QUERER.

Quantas vezes alimentamos intrigas ou conspirações, condenando por boatos, por frases mal entendidas no twitter, facebook ou no pé do ouvido -  versando guerras, ao invés de pacificá-las, ao ponto de guilhotinarmos pessoas. Com a mesma trilha sonora: “Crucifica ELE (A)!”, a história segue com o botão “replay” ligado. Colocamos Jesus novamente no madeiro ao “crucificar” nossos irmãos. O Apostolo Paulo, nos leva a pensar:

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. (1Co 13:11)

Como Paulo, algum dia, podemos ter chegado a ser “homens”, mas será que nos mantivemos “maduros”, ou voltamos por vezes as coisas de meninos, apontando o dedo como crianças? Creio que dos “hormônios” mais difíceis que o ser humano pode produzir (além do natural - crescimento), são aqueles que Samuel produzia – “Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens.” (1Sm 2:26).

Porque rotulamos de ‘desviados’, os que auto promoveram-se “órfãos”, ao invés de orarmos por eles? Apontamos o erro alheio, e a trave segue ali, tapando nossa visão. Talvez por isso Zé Bruno (Banda Resgate) cantou: “Dente careado, mas hálito de hortelã... Quem é você?”.

Quem sabe também criticamos grupinhos e “tribos”; formamos e “desformamos casaizinhos”, brincamos de “amizade pra sempre”, dizemos ‘esse serve, esse não serve’. Na CARA do OLEIRO, mexemos no Seu barro, sem sermos convidados, como crianças, atrapalhamos o Seu trabalho!

Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso, e trabalhar juntos é sucesso. Henry Ford

Estamos no mesmo time, lutando pela mesma causa, o sucesso depende da permanecia e esforço. Amigo é aquele que encobre a falha, que exalta as qualidades e ajuda no erro. Amigo é aquele que dá a perda, que assume o lugar de descrédito. O veredito proclamado fora da boca do Juiz é hipócrita! No mais, sejamos magistrados no bom senso e “o amor seja sem hipocrisia” (Rm 12:9).